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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Cidade dos Nephilins - Introdução



Introdução

O Novo Mundo

Guerras atormentaram os humanos por séculos, talvez em toda a sua existência. Essas batalhas já aconteciam muito antes, guerras no céu, lutas por poder, por adoração, por soberania. Para o mundo sobrenatural, eu já existia há muito tempo, desde que um arcanjo decidiu que assim deveria ser. Para os humanos... Bem, para eles, eu seria mesmo inesquecível!
Anjos amaram e desejaram as filhas dos homens. Desse amor surgiu uma nova raça, nunca sequer desejada por Deus, filhos de um pecado que jamais deveria existir, os nephilins.
Toda criatura feita pelas mãos do Criador tem a Sua essência; Deus é amor, todos têm amor. Os nephilins não amam, pois são a anomalia genética dos céus e da Terra, uma raça não programada... Será que não? O fato é que os alados eram capazes de se reproduzirem; esses filhos nasceram e, por muito tempo, acreditei ser uma dessas anormalidades. Sendo apenas o efeito colateral do sexo dos alados, os nephilins não possuíam a essência de Deus.
Os nephilins não amam.
Os nephilins desejam.
Os nephilins fazem sexo.
Os nephilins odeiam e matam.
Por algum motivo - na verdade, por um motivo específico -, alguém desejou eliminar tudo o que existia na Terra. Tudo o que existia e o que não deveria existir. Uma família humana foi poupada, assim como cada espécie de animais. Os anjos desmaterializaram-se, voltaram para a morada sagrada e um dilúvio afligiu a humanidade, os animais e tudo mais. Apenas uma raça foi totalmente exterminada: os nephilins – ou assim pensaram... – Porém, os anjos ainda existiam, eles tornaram a pecar, as anomalias genéticas voltaram a fazer parte da vida terrena. O administrador dos céus já não acharia justo dizimar os humanos novamente para eliminar os filhos do pecado. Portanto, fez vista grossa para o erro deliberado, ignorando a construção de uma cidade em um universo paralelo, em um mundo intermediário entre os céus e a Terra. Lá, os anjos e arcanjos esconderiam sua prole quando essa estivesse em perigo. Assim foi a fundação da Cidade dos Nephilins, o lugar da minha maior tortura.
Sendo criaturas especiais, os filhos do pecado eram constantemente perseguidos por demônios, e até mesmo por anjos e arcanjos que se mantiveram fiéis à criação original. Dos céus, Miguel era o maior oponente dos nephilins. No inferno, o atual Rei das Trevas era quem os perseguia, mas não para matá-los, apenas para serem peças especiais, fortes soldados, em seu exército. Sabendo do fim iminente, muitos alados desertaram do céu e abrigaram-se na Cidade dos Nephilins, tornando-se instrutores de seus filhos, criando um mundo novo.
Os humanos travavam suas próprias batalhas, também por poder, por ganância, por prazer. Destruíram-se até chegarem a um ponto abominável, provocando chacinas, genocídios, arrasando territórios inteiros.
Eu nasci quando o mundo humano enfrentava a maior guerra de todos os tempos. Essa batalha foi causada por motivos religiosos, levando ao ecumenismo cristão, levantando um novo governo.
Por volta do meu décimo sétimo aniversário, tal contenda se assentou e o novo clero dominou o poder mundial, trazendo a falsa paz entre os homens. O novo governo pregava suas crenças com rigor, e todos obedeciam. Entretanto, alguns mantinham vida dupla, praticando seus antigos rituais e a nova ordem estabelecida pela então conhecida como Igreja de Cristo. Quando descobertos, eram levados a um julgamento simbólico, pois já estavam praticamente condenados, e passavam por uma morte tortuosa como sinal de purificação da alma. Era a nova inquisição em meio ao mundo tecnológico.

E eu guardava meus segredos, assim como muitos...
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